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No ‘velho’ Brasil de volta, em 2022 a renda fixa fica mais na medida com a LCA na cabeça

10 dez 2021, 9:44 - atualizado em 10 dez 2021, 9:54
Agricultura Agronegócio Máquinas & Equipamentos
Investimentos do agronegócio atraem mais os bancos que revertem em mais atrativos das LCAs

Depois que o Banco Central deu a largada ao processo de altas dos juros, as estatísticas de crescimento da captação de recursos em renda fixa dispararam em 2021.

Não será nada diferente em 2022, com os investidores já somando os 7,25 pontos percentuais da Selic até agora (9,25%) e os novos reajustes que, ninguém dúvida, virão no novo ano.

No cardápio à disposição do mercado que quer se proteger da inflação e das incertezas políticas-econômicas, e, por definição, fugir da volatilidade em renda variável, a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) vem batendo a maioria dos outros papéis.

Aqui cabe um parêntese: a expansão superior a 50%, sobre novembro de 2020, tem mais há ver com o alvo destinatário do dinheiro captado do que com a deterioração da economia. A LCA leva dinheiro ao agronegócio, setor que cresce enquanto os outros caem, portanto os bancos emissores estão também financiamento mais a cadeia e precisam de lastro.

Como lembra Gabriel Mallet, chefe de renda fixa da gestora Vítreo, a maior exposição das instituições em empréstimos ao agronegócio aumentou a oferta ao público de opções em prazos de resgate (mais curtos e rentabilidade maior) e valores de entrada mais amigáveis, entre outros.

O mix de atrativos cresceu em proporção.

Se não fosse por isso, a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) estaria com demanda igualmente aquecida, uma vez que goza dos mesmos padrões de garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FDC), até R$ 250 mil, e isenção de Imposto de Renda.

No dia 9 de dezembro, o estoque de LCAs obrigatoriamente registrado na B3 (B3SA3) estava acima de R$ 169,411 bilhões. Como foi dado aqui em Money Times, em novembro do ano passado era de R$ 105 bilhões. Em LCIs, R$ 133,357 bilhões, saindo de próximo R$ 100 bilhões.

O que vai marcar daqui para frente o título, segundo Mallet, é que em linha com a sequência de bom desempenho do agronegócio – grãos seguindo a proa, em recordes, recuperação parcial da sucroenergia e as carnes dentro dos padrões dos últimos anos, entre outros exemplos -, o risco Brasil vai dar outro empurrão.

O head de renda fixa da Vítreo acredita em 12% de juros básicos já no primeiro semestre, com o Copom tentando domar a inflação, em meio à mistura de fundamentos de altas, que sobreviverão a 2021, e a volatilidade mais explícita ainda em ano de eleição.

Então, a LCA pré-fixada em IPCA poderá perder para a indexação pelo Certificado de Depósito Interbancário (CDI).

Já há LCAs com de CDI cheio na praça, mais deverá ter muito mais porque os investidores podem apostar que a inflação vai ser controlada.

Selic em dois dígitos e 100% de CDI é LCA com dois dígitos de rentabilidade.

Outro parêntese: se as LCAs já tinham a cara do investidor pessoa física, com a garantia do FDC e zero de IR, e, depois com a flexibilização oferecida pelas instituições em prazos, retorno e investimento inicial, vão ficar mais ainda.

Pelo último recorte da B3, em novembro passado o número de pessoas físicas  era de 593 mil, salto de 49% sobre igual período de 2020, como Money Times publicou em 13/11.

Na somatória, o ‘velho’ Brasil de volta ficando na medida da renda fixa e das LCAs.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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