Recessão

Como uma recessão nos EUA impacta o Brasil

15 jun 2022, 17:18 - atualizado em 15 jun 2022, 17:18
CDB
(Imagem: Shutterstock)

A economia dos Estados Unidos anda mal. Em maio, a inflação americana atingiu a maior taxa para o período em mais de 40 anos, de 8,6%, e em sua última reunião o Federal Reserve anunciou que a taxa de juros será reajustada em 0,75 ponto percentual na tentativa de controlar a alta nos preços. A preocupação agora do mercado é que o país entre em uma recessão.

O banco central americano até revisou as suas projeções: a inflação deve avançar 5,2% este ano, acima dos 4,3% previstos em março. No PIB, as estimativas desaceleraram para 1,7% este ano, ante a projeção de expansão de 2,8%. Já o desemprego pode subir de  3,6% para 4,1% no final de 2024. Mas como fica o Brasil se a maior economia do mundo, de fato, cair em uma recessão?

Para o economista e diretor da WIT Asset, Felipe Simões, a economia brasileira vai sobreviver. “É difícil saber, mas eu sou otimista. Principalmente, porque o Brasil é exportador de muitos produtos de interesse global e que estão em alta demanda, como commodities e alimentos.”

Claro que nem tudo são flores. A China, o maior importador de produtos brasileiros, ainda vive uma crise sanitária com os aumentos dos casos de covid. E os lockdowns no país derrubaram o consumo local, além de travarem as cadeias de logística e suprimentos. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia também segue sem previsão de acordo de paz, pressionando ainda mais o mercado de grãos e fertilizantes.

Também não dá para esquecer que os EUA são a maior economia do mundo. “É claro que qualquer diminuição na atividade econômica americana afeta a cadeia global produtiva como um todo e pressiona ainda mais as inflações de outros países, além de importações e exportações”, afirma Beto Assad, analista de ações e consultor financeiro do aplicativo Kinvo.

Inflação e países emergentes

O Brasil tem outro ponto a seu favor: o nosso Banco Central foi um dos primeiros a rever as taxas de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) começou a elevar a Selic em março de 2021, depois de sete meses com a taxa básica na mínima de 2%.

“A gente começou a mexer na taxa de juros cedo, mas o reflexo desse movimento demora para aparecer. Quantas altas na inflação a gente não teve que ver até ela começar a dar uma aliviada?”, diz Assad. De fato, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) levou quase um ano até começar a dar sinais de desaceleração: nos últimos 12 meses, o IPCA foi de 11,73%, ante 12,13% registrado em abril.

Simões também destaca que em momentos de turbulência, não é raro ver os países emergentes se destacando. “Os países emergentes costumam ter ciclos de crescimento inversamente proporcionais aos de países desenvolvidos. A gente já viu isso antes e o Brasil pode surpreender.”

Contraponto

Por mais que o mercado esteja pessimista, o pesquisador associado  do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), Livio Ribeiro, ressalta que os Estados Unidos estão em um momento de desaceleração econômica e longe de uma recessão no curto prazo.

Acontece que o país passou por, praticamente, três décadas de baixa inflação e existe uma geração de analistas e economistas que nunca passaram por isso. “É natural que essas pessoas estejam pessimistas. Mas a gente não pode esquecer que, para conseguir trazer a inflação de volta para a meta de médio prazo, o crescimento da economia precisa ser menor. Mas isso não significa uma contração econômica, que aí sim seria uma recessão”, afirma.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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