Perspectivas 2023

Exclusivo: O que esperar da economia em 2023, segundo gestora de ex-presidente do BC

24 nov 2022, 15:00 - atualizado em 24 nov 2022, 15:15
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Perspectivas: Mercado só tem olhos para estreia do Brasil na Copa do Mundo, mas Rio Bravo já mira o jogo da economia em 2023 (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

As atenções do mercado financeiro nesta quinta-feira (24) estão voltadas para a estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo no Catar. Porém, muitos gestores já começam a olhar para um jogo muito mais decisivo para o Brasil: o da economia em 2023. Afinal, falta apenas cerca de um mês para o apagar das luzes de 2022. 

E enquanto este ano foi desafiador para os bancos centrais, diante da inflação elevada, no ano que vem a política monetária e seus efeitos seguirão como destaques, tanto no Brasil quanto no exterior. É o que avalia a Rio Bravo Investimentos, gestora fundada pelo ex-presidente do BC Gustavo Franco, em relatório obtido com exclusividade pelo Money Times.

O que esperar no exterior?

No texto, o sócio-diretor Evandro Buccini e o economista Luca Mercadante avaliam que o foco dos investidores estará, principalmente, no aumento da taxa de juros pelo Federal Reserve. “Entretanto, ficarão mais atentos à taxa terminal do que à velocidade de elevação”, ponderam.

Ou seja, ainda que haja uma redução no ritmo de alta dos juros nos Estados Unidos, após quatro apertos seguidos à dose de 0,75 ponto porcentual desde maio, o mais importante é qual será o nível da taxa ao final do atual ciclo de aperto monetário. Até porque o custo do empréstimo no país pode acabar subindo mais, por mais tempo. 

“Ao final do processo, no primeiro trimestre, a taxa de juros norte-americana deve atingir patamar próximo de 5%”, preveem Buccini e Mercadante. Porém, ainda não deve haver uma convergência do índice de preços ao consumidor nos EUA em direção à meta, o que sustenta a tese de juros acima do nível neutro ao longo de 2023.

Com isso, deve haver um impacto negativo na atividade econômica e no emprego. Contudo, é difícil dizer se haverá uma recessão nos EUA. 

Já na Europa, esse risco é praticamente certo, diante dos efeitos da guerra na Ucrânia, que não deve ter solução de curto prazo, além dos juros mais altos no velho continente. Na China, por sua vez, a expectativa é de suavização da política de Covid Zero ao longo de 2023. 

E o Brasil: economia vai crescer?

Por aqui, o BC deve manter a taxa Selic por um período prolongado. De um lado, a Rio Bravo prevê cortes no juro básico a partir de junho, para 13,25%. O ciclo de queda deve ter continuidade até a Selic chegar em 11,75% ao final de 2023. 

De outro lado, a taxa básica de juros pode seguir em 13,75% na virada do primeiro para o segundo semestre, caso a inflação se mostre mais persistente. A previsão é de um IPCA em 5,2% em 2023, enquanto o centro da meta do BC é de 3,25%.  

Portanto, o índice de preços ao consumidor brasileiro tende a seguir elevado em 2023, enquanto o crescimento econômico permanecerá modesto. 

A previsão é de alta de apenas 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem, desacelerando-se de +2,7% neste ano. Já o mercado de trabalho deve permanecer aquecido. 

“Todavia, é o cenário fiscal que traz consigo um conjunto grande de incertezas”, realçam Buccini e Mercadante. Para eles, a tentativa de flexibilização do teto de gastos antes da proposta de uma nova âncora fiscal levanta dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida pública no longo prazo.

“Os primeiros sinais do governo eleito indicam uma combinação de inflação maior e juros mais altos do que o previsto anteriormente para os próximos anos”, avaliam os especialistas. 

Segundo eles, a transição política em 2022 ocorre com a existência de menos problemas graves de curto prazo em comparação a 2002 e a 2016. Porém, com os mesmos desafios de longo prazo. 

Por isso, os gestores da Rio Bravo avaliam que 2023 deve ser marcado pela discussão de uma série de reformas, como a tributária e a administrativa. “São temas importantes para o crescimento no longo prazo, mas podem gerar volatilidade no curto prazo”, ponderam.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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