Economia

Onda de calor é problema para a Selic? Veja como altas temperaturas afetam a inflação

16 nov 2023, 14:18 - atualizado em 16 nov 2023, 14:18
Calor Inflação
Onda de calor: Termômetros podendo superar os 40 °C e impactar a inflação de alimentos e energia. (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

Nesta quinta-feira (16), o Brasil deve atingir o seu pico de calor, com os termômetros podendo superar os 40 °C em estados como Rio de Janeiro e Mato Grosso. E o clima também pode esquentar lá no Banco Central, isso porque a onda de calor deve afetar o bolso dos brasileiros e pressionar a inflação.

A expectativa dos economistas é de que os preços dos alimentos, conta de energia e alguns produtos manufaturados subam puxados pelo calor.

Em sua última ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) destacou que está acompanhando o movimento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para determinar o ritmo de cortes da Selic.

Para os próximos meses, as perspectivas já não são das melhores. O texto aponta para uma menor pressão baixista dos preços de atacado de bens industriais, que até recentemente ainda se normalizavam com o fim dos gargalos nas cadeias produtivas. Além disso, os preços de commodities agrícolas internacionais e os preços domésticos de alimentos, que também contribuíram para a desinflação ao longo de 2023, já não sugerem pressões baixistas tão pronunciadas nos próximos trimestres.

Agora, com a inflação que a onda de calor adiantada pode gerar, os números do IPCA podem vir mais forte do que o esperado.

Falta de chuvas atinge as lavouras

No caso dos alimentos, a falta de chuvas e o calor extremo têm provocado prejuízos nas lavouras de soja em Mato Grosso, com perdas de produtividade, necessidade de replantios e comprometimento da janela de semeadura do milho.

Produtores também já afirmam que vão reduzir a área destinada para o cereal e há também agricultores que não vão semear a cultura na safra 2023/2024. Vale lembrar que esse efeito acaba afetando outros produtores, não apenas os de cereais.

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Calor e a inflação da energia elétrica

Já do lado da energia elétrica, ainda não está claro o impacto que as altas temperaturas podem gerar. Por causa da onda de calor, o Brasil registrou dois consecutivos de recorde no consumo de energia. Isso fez com que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) determinasse determinar o acionamento de mais usinas termelétricas. Quando isso acontece, uma taxa extra é cobrada na conta de energia.

A estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo, destaca que não há necessidade de despacho de usina térmica numa quantidade suficiente para impactar a tarifa, mas que será preciso identificar os valores de cada térmica acionada para entender como ficará a inflação.

“As altas temperaturas trazem riscos para lavouras e elevam consumo de eletricidade. Todo ano tem isso, mas, neste, pelo fato de o calor ter vindo mais cedo e estar muito intenso, pode ser que tenha provocado uma alteração nesses bens”, afirma.

Dobradinha: calor e seca no Amazonas

Outro problema envolve a seca no Amazonas, que pode interferir na produção de ar-condicionados e gerar uma inflação por falta de produtos. Os preços de ventiladores e ar-condicionado tendem a subir naturalmente em períodos de calor.

A questão é que a produção de indústrias na Zona Franca de Manaus está sendo afetada pela seca no estado. O transporte de grande parte da produção é feito por meio de rios. Assim, com o nível baixo de água, houve a suspensão do transporte por navios.

“Ar condicionado e televisão são os principais problemas no momento no nosso setor eletroeletrônico”, afirma Jorge Nascimento, presidente executivo da Associação Nacional de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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