Economia

Os números enganam? Entenda por que mercado de trabalho está menos aquecido do que parece

18 jun 2023, 9:00 - atualizado em 18 jun 2023, 10:10
Caged, trabalho
Taxa de desemprego brasileira ficou estável em 8,5%, com 9,1 milhões de pessoas sem trabalho no país. (Imagem: Reprodução/Governo do Estado do Paraná)

No trimestre até abril, a taxa de desemprego brasileira ficou estável em 8,5%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trata-se da menor taxa para o período desde 2015. Com isso, 9,1 milhões de pessoas estão sem emprego no país.

Quando se olha os números, a impressão é de uma melhora no mercado de trabalho, já que o taxa de desemprego chegou a 14,8% no mesmo período de 2021, um ano após o início da pandemia.

No entanto, pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) apontam que o mercado de trabalho está menos aquecido do que os números mostram.

Desistindo de buscar emprego

O ponto principal está na queda da taxa de participação. Ou seja, menos pessoas em idade ativa (mais de 14 anos) estão trabalhando ou buscando emprego.

Os pesquisadores Regis Bonelli Fernando Veloso, Fernando de Holanda Barbosa Filho, Janaína Feijó e Paulo Peruchetti destacam que, desde a pandemia, a taxa de participação sofreu fortes variações: saindo de 63,4% em fevereiro de 2020 para 56,7% no trimestre desse mesmo ano até julho.

Passada a fase mais aguda do combate à Covid-19, a taxa de participação entrou em uma trajetória de recuperação que durou até setembro de 2022. Na época, ela chegou a 62,7%. Depois disso, voltou a recuar até atingir 63,4% no trimestre até abril.

Acontece que essa variação pode levar à interpretação deque o mercado de trabalho está aquecido.

“A taxa de desemprego efetiva da Pnad Contínua no primeiro trimestre de 2023 foi de 8,8%. Na primeira hipótese contrafactual (taxa de participação constante em 63,4%), a taxa de desemprego no primeiro trimestre poderia ter alçado a 11,4% (+2,6 pontos percentuais); na segunda hipótese (PEA na tendência), poderia ter atingido até 12,1% (+3,3 p.p.)”, afirma Luiz Guilherme Schymura, diretor do FGV IBRE.

Perfil dos desempregados

Segundo os pesquisadores, a queda na taxa de participação foi mais forte entre a população menos escolarizada, com maior queda no grupo com fundamental completo e médio incompleto.

Também deixaram a força de trabalho aqueles com menor rendimento, especialmente até a faixa de R$ 1,3 mil mensais. Além disso, houve uma quena entre os mais jovens, na faixa dos 18 a 24 anos.

Uma hipótese levantada pela equipe da FGV, é de que o aumento doa valor do Bolsa Família ajudou nesse movimento, uma vez que ele é mais comum quando há mudanças de ordem demográfica. No entanto, essa é uma hipótese especulativa.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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