Mercados

Recessão para quem? O touro está de volta em Nova York

09 jun 2023, 14:11 - atualizado em 09 jun 2023, 14:11
Wall Street Touro
Wall Street marcha, à medida que temores com uma recessão vão ficando menores. (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

Enquanto o Ibovespa (IBOV) descansava no feriado de Corpus Christi, um movimento julgado há pouco tempo improvável aconteceu na Bolsa de Nova York.

O índice S&P 500 (SPX), que une as 500 principais ações dos EUA, ultrapassou os 4,300 pontos, um salto de 20% diante da mínima verificada em outubro de 2022.

Com isso, é possível dizer oficialmente que o índice entrou em um mercado de touro (“bull market“) e pode fechar a sexta-feira (9) com o melhor desempenho desde abril do ano passado.

A retomada do apetite do investidor é sentida principalmente em cima de ações do setor de tecnologia, canalizando a expectativa pela interrupção do aperto monetário. O Federal Reserve volta a se reunir nos próximos dias 13 e 14, quando deve manter a taxa de juros na faixa de 5,0%-5,25%.

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O que os destaques do dia contam sobre o mercado

Das 10 ações que melhor desempenham no S&P 500 nesta sexta-feira, 7 são tecnológicas. Os touros do dia ficam por conta da Tesla (TSLA), a Adobe Inc. (ADBE), Advanced Micron (MU) e Netflix (NFLX).

A fabricante de carros elétricos de Elon Musk é uma das campeãs de 2023, comandando uma alta de 88% desde o dia 1 de janeiro. A BDR TSLA34 listada na B3 ganhou 86,9%.

Além do contexto macroeconômico menos pressionado do que o inicialmente previsto, a Tesla se beneficia de uma série de acordos com outras montadoras. A partir deles, a empresa está fornecendo a sua tecnologia de carregamento de baterias para companhias tradicionais do setor automobilístico, como Ford e GM.

Dessa forma, muitos analistas já começam a qualificar o poderio de oferta da Tesla no mercado de baterias, como algo semelhante ao que faz a Opep no mercado de petróleo.

A Advanced Micron é uma das ações que surfam a onda dos semicondutores liderada pela Nvidia, tipo de tecnologia física indispensável para a atual corrida das inteligências artificiais. A ação da Advanced Micron subiu 30% em 2023 em Nova York.

Já a Netflix usufrui de um rali de 43,5% no ano. A alta reflete de melhores perspectivas de rentabilidade, atreladas às mudanças na cobrança de assinantes.

Ainda hoje, reverbera a notícia de que a plataforma de streaming conseguiu expandir a sua base de clientes nos EUA, mesmo diante da cobrança pelo compartilhamento de senhas.

Deixe a recessão para mais tarde

Com Nasdaq e S&P 500 em território do touro, dúvidas começam a surgir se a economia americana realmente passará por uma recessão neste ano — um cenário tido como certo há seis meses.

Nesta semana, o time de economistas do banco Wells Fargo publicou um novo relatório em que retifica a sua perspectiva para os Estados Unidos Ao que parece para a instituição, a chegada de uma recessão foi adiada para 2024, um reflexo de dados econômicos ainda muito fortes na economia.

Prova disso foi a divulgação do payroll de maio, divulgado na sexta-feira passada. O indicador mostrou a criação de 339 mil vagas no mês passado, bem acima da expectativa do mercado.

Na mesma chave, a distrital de Atlanta do Federal Reserve projeta que o PIB americano crescerá 2,2% no segundo trimestre.

[Divulgação: Fed/Atlanta]

O Wells Fargo não é ó único banco de investimentos que tem se tornado mais otimista com a perspectiva econômica americana. Goldman Sachs e a Capital Economics também estão reconsiderando seus cálculos para o ano.

Segundo os economistas das instituições financeiras, a economia americana está se provando mais resiliente do que se imaginava. Isso significa que os efeitos cumulativos da alta de juros e da restrição de crédito precisarão de mais tempo para serem sentidos.

Mas todo esse otimismo dos mercados pode estar escondendo um grande risco. Isso porque se uma recessão dura ainda vier no segundo semestre do ano, a falta de precificação do evento pode acarretar uma forte correção dos índices.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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