Comprar ou vender?

Sem o auxílio emergencial, a Ambev vai sustentar crescimento dos volumes visto em 2020?

08 fev 2021, 14:53 - atualizado em 08 fev 2021, 19:45
Ambev
Em 2020, a Ambev viu uma recuperação do volume ao longo do ano, impulsionado tanto pelo auxílio emergencial, como pela elevação do consumo doméstico (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

Os resultados do quarto trimestre da Ambev (ABEV3) devem vir sem surpresas: com a maior demanda gerada pelo auxílio emergencial do Governo Federal, a empresa apresentará bons volumes, com margens fracas, aponta o BTG Pactual em relatório enviado a clientes.

“A execução comercial inteligente da Ambev, juntamente com matérias-primas superiores de aquisição de materiais e embalagens, permitiu-lhe sustentar parcialmente os ganhos com participação de mercado em relação aos meses anteriores, apesar da (tardia) temporada de preços, em meio a uma competição, e impulsionada por iniciativas digitais”, pontuam Thiago Duarte e Henrique Brustolin.

Com isso, os analistas afirmam que o resultado será sólido, ajudado pelo câmbio favorável para operações no exterior. Eles calculam que as vendas cheguem a R$ 19,3 bilhões, alta de 21%.

O Ebitda, que mede o resultado operacional, ficará em R$ 7,26 bilhões, 5% superior a 2019. Por fim, a corretora espera um lucro líquido de R$ 4,3 bilhões.

Mas e para 2021?

Em 2020, a Ambev viu uma recuperação do volume ao longo do ano, impulsionado tanto pelo auxílio emergencial, como pela elevação do consumo doméstico.

Mas não foi só isso. Houve méritos da própria Ambev, que conseguiu recuperar a participação do mercado por meio de uma melhora da execução comercial e de iniciativas digitais que permitiram, mais uma vez, superar a concorrência. Para o quarto trimestre, o BTG espera crescimento de 14% no volume de cervejas em relação a 2019.

Porém, em 2021, os especialistas estão mais céticos em relação à companhia.

“Não está claro para nós quanta recuperação de ações a Ambev pode efetivamente sustentar conforme as coisas voltem à normalidade. Com um volume estimado de cerveja no Brasil de 85,3 milhões HL em 2020 (de 80,2 milhões em2019), nossa sensação é que existem cerca de 3 milhões de HL de demanda que não existirão mais em 2021”, argumentam.

Somado a isso, lembram eles, há o fantasma da inflação, que ameaça elevar os preços dos alimentos, e, consequentemente, derrubar as vendas de cervejas.

Na visão dos analistas, a elevação dos volumes também foi provocada pelo os preços (Imagem: YouTube/Cervejaria Ambev)

Dessa forma, os analistas reduziram o Ebitda e o lucro de 2021 em 5% e 8%, respectivamente.

Preços sobre pressão

Na visão dos analistas, a elevação dos volumes também foi provocada pelo os preços. Prova disso é que a marca aumentou os valores depois da concorrência.

“Isso reforça nossa visão de que a Ambev continua disposta a sacrificar o poder de precificação para preservar a participação no volume e no espaço nas prateleiras”, argumentam.

Segundo Duarte e Brustolin, a capacidade da empresa de retomar seu poder de precificação depende de quão bem ela vai lidar com o valor de suas principais marcas, a melhora do portfólio e a maior margem de varejo.

Recomendação

O BTG vê o papel negociar a 25 vezes o preço sobre o lucro, um dos mais altos registrados.

“Isso também representa um prêmio de 45% para a empresa e 13% para seus pares globais, o que limita a capacidade de qualquer nova classificação”, dizem.

A corretora manteve a recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 15.

A Ambev divulga seu resultado do quarto trimestre no dia 26 de fevereiro.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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