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Perspectivas para o 2º semestre: Bitcoin (BTC) depende de 3 grandes eventos para recuperar máximas

06 jul 2023, 15:39 - atualizado em 11 jul 2023, 11:27
Joe Biden, SVB
A corrida para a Casa Branca é um dos grandes fatores que mexerão com o mercado cripto. (Imagem: REUTERS/Evelyn Hockstein)

Depois de comandar uma valorização de 82%, rumo a maior marca em 13 meses, sobram questões se o Bitcoin (BTC) conseguirá completar o ano com o mesmo ritmo do primeiro semestre.

Para entender as possibilidades da criptomoeda na segunda parte do ano, o Crypto Times entrevistou Rony Szuster, analista da área de research do Mercado Bitcoin (MB).

A começar pelo lado macroeconômico, o Bitcoin, as altcoins e os ativos de risco de um modo geral vem se beneficiando, à proporção que o aperto monetário nos Estados Unidos vai se aproximando do fim. Afinal, até a última decisão de junho, foram nada menos do que 10 altas consecutivas desde março de 2022, quando os juros americanos estavam em torno de 0%.

“Mesmo os dois aumentos de juros sugeridos para o fim de 2023 já foram precificados pelo mercado”, diz o especialista.

A dinâmica de juros, do jeito que está, pode continuar aliviando o caminho dos ativos de risco. Szuster complementa ainda que o Bitcoin pode ganhar até mesmo com a volta do estresse financeiro, visto em março, após a falência de credores de médio porte, como o Signature Bank e do SVB.

“Qualquer ação do Federal Reserve para despejar mais liquidez na economia, como fez em março, também seria positiva para o Bitcoin”, justifica o analista do MB. Ao menos do ponto de vista macro, a negociação do BTC no segundo semestre pode usufruir de uma dinâmica “ganha-ganha”.

Mas Szuster tem dúvidas se somente o ambiente macroeconômico mais favorável será capaz de devolver a glória passada para a criptomoeda.

“Para o resto de 2023, vejo o Bitcoin com muita lateralidade, também por conta de uma correção, depois da forte alta que o ativo teve na primeira parte. Um novo all time high [máxima histórica] deve demorar um ano e meio”, diz.

O longo chá de cadeira previsto pelo especialista do Mercado Bitcoin para a chegada da nova bitcoin season se deve a três eventos-chave para o mercado cripto, que ocorrerão somente em 2024. Confira quais são.

‘Sala de espera’ para 3 grandes eventos

Desembaraço das questões regulatórias

O primeiro grande entrave a ser superado não só pelo Bitcoin, mas também para as outras criptomoedas, é uma maior clareza do ambiente regulatório dos Estados Unidos.

Desde o escândalo da FTX, a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) americana aumentou o grau de escrutínio regulatório sobre as plataformas de negociação, como a Binance e a Coinbase, acusando-as de diferentes inconformidades.

A ação do órgão regulador americano, apesar de ter sido direcionada mais explicitamente a ativos digitais reconhecidos como “títulos não securitizados” (classificação a qual o BTC não se encontra), acaba minando o apetite por risco no mercado cripto como um todo.

Há também uma outra questão envolvendo a SEC, esta mais diretamente relacionada ao Bitcoin, que é a aprovação de ETFs lastreados ao preço à vista do BTC. O produto é considerado como a a porta de entrada para endinheirados investidores institucionais, como as gestoras Fidelity e a BlackRock, no mercado cripto.

A chegada destes investidores poderia trazer uma nova enxurrada de liquidez no mercado, haja vista a popularidade de produtos ETFs entre investidores americanos e o interesse crescente por criptomoedas.

Mas, até o momento, a Nasdaq e as instituições emissoras dos ETFs falharam em convencer a SEC da existência de mecanismos robustos para prevenir manipulação de mercado e outras fraudes na negociação à vista dos ativos.

A posição aguerrida da SEC diante do mercado cripto tem causado desgaste para o presidente do órgão regulador, Gary Gensler, que passou a enfrentar protestos de membros do partido republicano. Muitos deles, inclusive, pedem a remoção do presidente da SEC.

Na avaliação de Szuster, o jogo político engessado e polarizado de Washington proporciona poucas condições para que uma mudança drástica, como a demissão do presidente da SEC, possa ocorrer até o fim de 2023. O que nos leva ao segundo ponto.

Eleições americanas

A dependência do mercado cripto à política significa dizer que os investidores precisarão esperar os resultados da eleição presidencial de 2024 ocorrer para obter as respostas no ambiente regulatório.

Na avaliação de Szuster, o Bitcoin e os demais criptoativos tendem a se beneficiar mais com a agenda política do partido republicano, menos afeita à intervenção estatal em assuntos financeiros e econômicos.

A possibilidade de um presidente republicano e uma maioria do partido conservador no Senado dariam condições para a aprovação de textos regulatórios apertados para o mercado geral de criptomoedas, como o defendido pelo presidente da Comissão de Assuntos Financeiros da Câmara, Patrick McHenry.

Uma Casa Branca sob o controle republicano também teria o poder de nomear um novo presidente da SEC, mais alinhado à visão do partido.

Por outro lado, Szuster lembra que a preferência dos democratas por um maior escrutínio regulatório do mercado cripto cresce após o escândalo de fraude envolvendo a corretora FTX de Sam Bankman-Fried.

O CEO da FTX era um dos principais doadores políticos do partido de Joe Biden, investindo na campanha de diversos candidatos democratas ao Legislativo americano nos últimos ciclos eleitorais.

Desse modo, é pouco provável que a continuidade de Biden no poder trouxesse mudanças significativas no sentido de desregulamentação do mercado cripto.

Halving do Bitcoin

Por fim, o último grande evento que ocorrerá em 2024 para o BTC é o seu halving. O evento, que é inerente aos criptoativos, ocorre a aproximadamente quatro anos e busca nortear o fluxos de oferta do ativo digital.

Cada halving reduz pela metade a quantidade de BTC que os mineradores recebem por recompensa de bloco. Para este ciclo, a queda prevista de emissão será de 6,25 por bloco para 3,125 por bloco.

“A redução de oferta, mantida a crescente demanda, trará naturalmente uma valorização do ativo”, diz o analista de research do MB.

Szuster nota que o efeito do halving de 2024 será proporcionalmente menos intenso que o observado no ciclo de 2020, quando houve uma redução de 12,50 para 6,25 bitcoins por bloco.

A diminuição da disponibilidade de BTC por bloco converge com a estimativa de praticamente 80% dos bitcoins que vão existir já foram minerados.

Mas isso não deve significar, necessariamente, menores ganhos para o investidor do BTC. Segundo Szuster, a expectativa de redução de oferta do criptoativo deve levar a um rali de compra sobre o ativo, ainda que o efeito real da redução seja menor do que o visto nos últimos ciclos.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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