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Debêntures incentivadas estão com juros maiores em 2023 em meio à fuga de investidores

27 fev 2023, 14:39 - atualizado em 27 fev 2023, 14:39
Debêntures incentivadas
Número de negociações de debêntures incentivadas caiu mais de 50% no início de 2023 e spreads estão maiores (Imagem: Pixabay/@moritz320)

As debêntures incentivadas mais negociadas na Bolsa brasileira estão com spread ainda maior em 2023 ante os juros reais pagos pelo Tesouro IPCA+ no Tesouro Direto.

Se, por um lado, os investidores estão fugindo do crédito privado agora, por outro, os ganhos com debêntures incentivadas estão maiores do que um ano atrás.

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De acordo com um estudo feito pela POP, empresa provedora de dados de mercado da Luz Soluções Financeiras, o spread médio das debêntures incentivadas foi de 1,23% acima das taxas oferecidas no Tesouro Direto, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023.

No mesmo intervalo de tempo um ano antes, o spread médio do investimento era de apenas 0,2% ante as taxas oferecidas pelos títulos públicos indexados à inflação.

Coincidentemente, na virada de ano, o volume de negociações de debêntures incentivadas caiu 55% em quantidade de transações, passando de 5.968 no início do ano passado para 2.651 em 2023, segundo o levantamento.

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Os dados em 2023 contemplam o total de 335 debêntures incentivadas, enquanto, no mesmo período no ano anterior, os dados se referem a 293 títulos de dívida privada.

Características 2022 2023
Nº de debêntures incentivadas 293 335
Quantidade de negociações 5.968 2.651
Prêmio acima do Tesouro IPCA+ 0,20% 1,23%

 

Crise da Americanas gera maior prêmio de risco

Após a descoberta de rombo contábil bilionário na varejista Americanas (AMER3) no início de janeiro e, posteriormente, dificuldades financeiras na companhia elétrica Light (LIGT3), ambas robustas emissoras de debêntures incentivadas, uma onda de resgates se abateu na renda fixa.

Com o movimento de fuga dos investidores, os retornos, que já mostravam sinais de alta desde a metade do ano passado, receberam um impulso adicional após os casos da Americanas e da Light.

Especialistas em crédito privado que estiveram presentes no CEO Conference 2023, evento promovido pelo BTG Pactual, já cantavam a bola de que a volatilidade no mercado de dívida privada no início de ano havia criado excelentes oportunidades de investimentos.

Desde a imposição da marcação a mercado sobre a leitura das aplicações em renda fixa e o vendaval da fraude contábil da Americanas, o momento é bastante oportuno para alocações em crédito privado, segundo Ana Luísa Rodela, head de crédito no Bradesco Asset.

“A volatilidade no mercado de crédito neste início de ano levou à forte abertura de spreads. As taxas dispararam, enquanto o preço dos títulos caiu. Você encontra, em média, títulos pagando CDI + 2% ao ano, além de papéis incentivados indexados ao IPCA sem cobrança de imposto de renda”, afirma Rodela.

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Ainda conforme o levantamento elaborado pela POP, tiveram debêntures incentivadas em 2023 que chegaram a pagar prêmio de retorno (spread) até 3,37% superior a taxas oferecidas um ano antes.

Debênture Média de prêmio em 2022 Média de prêmio em 2023 Diferença
AGRU41 6,18% 8,99% 2,81%
AGRU31 7,23% 8,56% 1,33%
AGRU21 4,83% 8,20% 3,37%
AGRU11 6,13% 8,11% 1,98%
AGRU12 4,75% 8,04% 3,29%

As debêntures incentivadas são títulos de renda fixa em que o investidor empresta dinheiro diretamente para empresas envolvidas em projetos de infraestrutura no país. Já que o governo brasileiro incentiva o setor, não há cobrança de imposto de renda sobre os ganhos com debêntures incentivadas.

Debêntures incentivadas mais negociadas

Os dados do levantamento também mostram que o retorno das debêntures incentivadas mais negociadas apresentou forte aumento entre os dois períodos avaliados.

Em contrapartida, o volume de negociação registrou queda firme no mesmo intervalo.

Debêntures Negociações em 2022 Média de retorno em 2022
EGIE17 39 0,00%
RUMOA6 42 0,18%
RUMOB5 42 0,27%
ALGA26 42 -0,67%
ECOV22 42 -0,53%
Debêntures Negociações em 2023 Média de retorno em 2023 Diferença Anual
EGIE17 14 0,63% 0,63%
RUMOA6 14 1,05% 0,87%
RUMOB5 14 1,00% 0,73%
ALGA26 13 0,52% 1,19%
ECOV22 13 0,77% 1,29%

Repórter
Repórter de renda fixa do Money Times e Editor de agronegócio do Agro Times desde 2019. Antes foi Apurador de notícias e Pauteiro na Rede TV! Formado em Jornalismo pela Universidade Paulista (UNIP) e em English for Journalism pela University of Pennsylvania. Motivado por novos desafios e notícias que gerem valor para todos.
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