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Queda de 47% no ano: Sem forças em mineração, CSNA3 vira o jogo com apostas no mercado de cimentos?

22 set 2022, 11:47 - atualizado em 22 set 2022, 12:03
Mineração Minério de ferro Siderurgia Commodities
Preços do minério de ferro pesam para uma tendência de baixa, avalia UBS (Imagem: Reuters/Stringer)

A virada da fase positiva do minério de ferro levou a uma correção das ações de empresas expostas ao ingrediente siderúrgico.

Preocupações com uma recuperação mais consistente do setor de construção na China impactam a percepção de uma retomada rápida da demanda no país, jogando os preços do minério de ferro – e, consequentemente, das ações – para baixo.

Nesta quinta-feira (21), os contratos futuros do minério de ferro negociados na China se recuperaram de mínimas em duas semanas, impulsionados pelo aumento da produção de aço no país e expectativas de aumento da demanda pela commodity antes do feriado Golden Week.

Apesar disso, ainda existem dúvidas quanto a uma retomada mais consistente da indústria, mesmo com os estímulos injetados pelo governo chinês para fazer o setor de construção voltar a ganhar tração, uma vez que a política de Covid zero da China pode inibir a produção de aço e diminuir a demanda pelo minério de ferro.

Na avaliação do UBS, os preços do minério de ferro pesam para uma tendência de baixa.

“O mercado de minério de ferro está enfraquecendo por sair de um déficit na primeira metade do ano para uma sobrecarga na segunda metade, caracterizado pelo crescimento dos inventários e pela queda dos preços. Estimamos que esta tendência continuará”, comenta a instituição, em relatório publicado nesta segunda (19).

O UBS acredita que o minério de ferro sairá de aproximadamente US$ 98 a tonelada hoje para US$ 85 a tonelada até o fim de 2023 – e seguindo em queda em 2024 (US$ 80/tonelada) e 2025 (US$ 75/tonelada).

Atrás dos pares

A CSN (CSNA3) é um dos principais nomes do setor de mineração e siderurgia no Brasil. Em processo de expansão de suas linhas de negócios, a companhia está conquistando diferentes mercados, sendo o de cimentos a aposta da vez.

Apesar dos esforços realizados principalmente em M&A (fusões e aquisições), as ações da empresa parecem estar ficando para trás.

Com a recente correção nos preços do minério de ferro, a ação da CSN acumulou queda de 47,78% no ano, enquanto a CSN Mineração (CMIN3) registra perdas de 48,96%.

No mesmo período, Vale (VALE3) e Gerdau (GGBR4) mostram desvalorizações de 4,1% e 6,44%, respectivamente.

Henrique Tavares, analista da DVInvest, explica que as ações da CSN e do seu braço de mineração perdem espaço no portfólio dos investidores porque, dentro de commodities, costuma-se ter mais exposição a produtores de menor custo.

Os investidores, principalmente institucionais, costumam se expor mais a produtores de menor custo, a quem tem mais poder de preço, capacidade de produção. Então, produtores menores acabam atraindo menos olhares”, comenta.

Tavares diz que é natural que a maior parte das exposições fique em Vale ou Gerdau, nomes com mais poder em comparação com a CSN.

O analista ressalta, no entanto, que isso não tira a atratividade das empresas menores, com CSN e CSN Mineração negociando com desconto.

Mercado de cimentos é a resposta?

Após a abertura de capital da CSN Mineração, a CSN realizou dois movimentos importantes para as suas operações de cimentos.

Um deles é a aquisição da Elizabeth Cimentos e da Elizabeth Mineração, com atuação na região Nordeste. Na data do anúncio, a CSN disse que a aquisição da Elizabeth Cimentos adicionava uma capacidade produtiva para a CSN Cimentos de 1,3 milhão de toneladas por ano, além de promover “relevantes sinergias operacionais, logísticas, de gestão e comerciais, com espaço para evolução de mix de produtos e expansão da base de clientes”.

Neste mês, a CSN informou a conclusão da aquisição da LafargeHolcim Brasil pela sua unidade de cimentos. A compra foi anunciada em setembro do ano passado, com o valor do negócio fechado entre as partes em US$ 1,025 bilhão na época.

Influência de cimentos nos resultados da CSN é pequena e traz pouco impacto, diz Terra Investimentos (Imagem: Facebook/CSN)

Gabriela Joubert, analista-chefe do Inter Research, diz que, com a LafargeHolcim Brasil, a CSN Cimentos vira um player relevante no mercado, mas não deve tirar o posto da unidade de siderurgia como o “carro-chefe” do grupo.

“[A CSN Cimentos] serve muito mais como hedge (proteção) do que uma unidade para brilhar sozinha”, afirma a especialista.

Sobre os últimos resultados da CSN, que mostraram um bom desempenho da unidade de cimentos, enquanto mineração decepcionou, Joubert ressalta que não dá para tirar o segundo trimestre como base, uma vez que o período costuma ser sazonalmente melhor para o mercado cimenteiro. Apesar disso, Joubert acredita que os próximos números devem seguir fortes para a categoria. A preocupação recai na capacidade da CSN de “conseguir entregar tudo”.

O Inter tem atualmente recomendação de compra para a CSN Mineração, com preço-alvo de R$ 7. Isso porque a ação “caiu demais”, afirma Joubert. A analista comenta que a ação está muito barata para uma empresa que vai se tornar uma das maiores do mundo em seu segmento.

Para a ação da CSN, o Inter está neutro, com preço-alvo de R$ 25, devido a uma visão mais conservadora em relação à recuperação da economia chinesa.

A Terra Investimentos diz que, mesmo com a companhia investindo muito no setor, a influência de cimentos nos resultados da CSN é pequena e traz pouco impacto – apesar do sucesso do plano.

“O impacto sobre o faturamento total é muito pequeno. Mesmo após dobrar o faturamento nesse segmento, de 2020 para 2021, dentro do consolidado, ainda representa menos de 3%”, destacam Régis Chinchila e Luis Novaes, analistas da corretora.

Chinchila e Novaes afirmam que, mesmo se a projeção de que o segmento atingirá 6% em 2025 se concretizar, o impacto ainda é muito pequeno se comparado a aço e mineração.

Sobre ter a CSN como alternativa de exposição a commodities, a Terra diz que a indústria de mineração ainda carrega muitas incertezas, e a ação da companhia “não parece estar em uma posição de preferência dentro do setor”.

Em relatório de monitoramento publicado no início da semana, o Itaú BBA coloca rating de “market perform” (desempenho esperado em linha com a média do mercado) para CSN, com preço-alvo de R$ 17. A instituição também tem a mesma recomendação para os ADRs (American Depositary Receipts) da Vale, enquanto Gerdau e Usiminas (USIM5) estão com classificação de compra.

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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