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Texas vê BlackRock com política ambiental muito restritiva; bancos saem ilesos, por ora

30 ago 2022, 11:18 - atualizado em 30 ago 2022, 11:18
Wall Street
Os bancos de Wall Street responderam a perguntas de Hegar no início deste ano sobre como suas posições sobre mudanças climáticas influenciam nas decisões de empréstimos (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

A maioria das grandes empresas financeiras de Wall Street passou em um teste do Texas na semana passada, quando a controladoria estadual manteve todas, exceto a BlackRock, fora de uma lista de companhias cuja política de boicote a ações de petróleo e gás pode desencadear em punição.

Mas os principais bancos dos Estados Unidos, como Wells Fargo e JPMorgan, podem não ter tanta sorte da próxima vez, à medida que políticos em outros Estados norte-americanos conservadores avaliam como tratar as empresas que, segundo eles, deixaram valores progressistas passarem por cima das decisões financeiras.

Muitos investidores e executivos temem que estejam sendo forçados a escolher um lado em uma guerra cultural.

De acordo com uma nova lei do Texas do ano passado, as agências estaduais devem retirar dinheiro investido, ou explicar sua manutenção, em empresas financeiras que, de acordo com o chefe da controladoria estadual, Glenn Hegar, boicotam ações de energia. Na prática, a lei pode significar a perda de contratos de fundos de pensão.

Grande parte de Wall Street adotou novos critérios ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) para alocação de investimentos, uma vez que investidores movem cada vez mais recursos a fundos sustentáveis.

A tendência agradou entes em Estados liderados por democratas, mas irritou os líderes republicanos em outras regiões, como Texas e Virginia Ocidental, onde as empresas de combustíveis fósseis são grandes empregadoras.

Os bancos de Wall Street responderam a perguntas de Hegar no início deste ano sobre como suas posições sobre mudanças climáticas influenciam nas decisões de empréstimos.

Em última análise, a lista se focou principalmente em companhias europeias, que não estão entre as principais instituições financeiras que emprestam recursos à indústria de combustíveis fósseis.

Hegar listou muitos fundos, inclusive de uma ampla gama de empresas norte-americanas, mas as companhias controladoras não foram listadas e, portanto, permanecem livres para continuar fazendo negócios no Estado.

A inclusão da BlackRock na lista por Hegar prepara o terreno para mais pressão política sobre a gestora de 8,5 trilhões de dólares em ativos, embora a companhia siga como grande investidora nas principais empresas de petróleo, gás e carvão.

O presidente-executivo da BlackRock, Laurence Fink, é conhecido por cartas anuais enfatizando temas como mudanças climáticas e atrai ataques de conservadores.

O diretor de clientes da BlackRock, Mark McCombe, disse que a empresa trabalhará para sair da lista e que as cláusulas da nova lei devem permitir a manutenção dos negócios atuais no Estado.

Outros gigantes de Wall Street também podem ser pressionados, disse Michael Rosen, diretor de investimentos da Angeles Investments.

“Você mostrou seu ponto ao atacar a BlackRock e as empresas europeias, então quem é o próximo bicho-papão que você tem que perseguir?”

Este ano, há cerca de 44 projetos de lei ou novas leis em 17 Estados liderados por conservadores que penalizam as empresas por fatores ESG ou outras políticas sociais, um aumento acentuado em relação a cerca de uma dúzia dessas medidas no ano passado, informou a Reuters no mês passado.

Em julho, o Estado de Virginia Ocidental baniu JPMorgan e Wells Fargo, entre outros, de novos negócios estatais por boicotar empresas de combustíveis fósseis, uma alegação que os bancos negam.

‘Documento vivo’

Em entrevista à Reuters, Hegar disse que a controladoria examinou as 10 instituições incluídas na lista com base em critérios, que incluem promessas a grupos de investidores sobre corte em emissões de carbono de empresa do portfólio. Ele não entrou em detalhes sobre as diferenças entre companhias listadas e não listadas.

Hegar alertou que a lista pode ser atualizada trimestralmente e mais empresas podem ser adicionadas. “Este é um documento vivo que será revisto continuamente”, disse ele.

As agências do Texas devem agora avaliar se irão se desfazer das empresas, com base em fatores como fiduciários. Um representante do Sistema de Aposentadoria de Professores, que gere 200 bilhões de dólares, o maior fundo público do Texas, disse que está revisando a lista.

McCombe, da BlackRock, disse que a inclusão da companhia na lista pode prejudicar os aposentados e enfraquecer a mensagem que o Texas passa como um Estado favorável aos negócios.

“Quando uma empresa é retirada, a impressão que dá é: quem está seguro para investir no Texas?” disse McCombe.

Andrew Poreda, analista sênior de pesquisa da Sage Advisory Services, uma gestora de investimentos com sede no Texas, disse que outras grandes empresas financeiras tiveram sorte de escapar da lista de Hegar, já que muitas também tomaram medidas para lidar com as mudanças climáticas.

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