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Fundos imobiliários: Calote de varejistas ‘acende sinal amarelo’

21 fev 2023, 12:00 - atualizado em 22 fev 2023, 10:11
Lojas Americanas
Fundos imobiliários estão sem receber aluguel de Americanas, Tok&Stok e Marisa; casos pontuais ou efeito cascata? (Imagem: Flávya Pereira/Money Times)

O ano de 2023 começou agitado para varejistas e fundos imobiliários. No mês passado, a Americanas (AMER3) pegou o mercado de surpresa ao anunciar um rombo fiscal. Em questão de dias, a empresa viu as ações derreterem, saiu do Ibovespa e de outros índices da B3, entrou em recuperação judicial e divulgou uma lista de credores com mais de oito mil nomes.

Entre esses nomes, estão fundos imobiliários que alugam imóveis e galpões logísticos para a varejista. Em meio à crise da Americanas, alguns desses FIIs comunicaram nos últimos dias que a companhia não pagou parte do aluguel referente a janeiro e que venceram este ano.

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Entretanto, a varejista abriu um caminho para outras empresas do ramo, que também estão inadimplentes com o aluguel pago a fundos imobiliários.

Afinal, é uma tendência ou um cenário pontual que atinge determinadas varejistas?

“Luz amarela” para fundos imobiliários

Para o analista de real estate da Empiricus Research, Caio Nabuco de Araujo, os episódios recentes de Americanas, Tok&Stok e Lojas Marisa (AMAR3) acendem uma luz amarela para fundos imobiliários de tijolo.

“Envolvem fundos que têm poucos imóveis e são concentrados em um ou dois inquilinos. Isso traz um risco elevado, como o caso da Marisa, já que a receita do fundo imobiliário depende muito do aluguel que recebe da companhia”, explica.

Em contrapartida, a analista de fundos imobiliários da EQI Research, Carolina Borges, acredita que o calote de varejistas seja “pontual”.

“Talvez seja precipitado falar em efeito cascata dessas empresas e de crise generalizada no setor. Eu acredito que esses casos sejam mais pontuais”, diz, referindo-se a Americanas, Tok&Stok e Marisa.

O que explica os calotes?

Na semana passada, três fundos imobiliários confirmaram que a Americanas tem aluguéis em atraso. “Quase todos os fundos de logística são expostos à varejista. É provável que ela não pague os aluguéis, a esses e a outros fundos”, diz a analista da EQI.

Além desses, dois fundos informaram que a Marisa está com o aluguel de janeiro com vencimento em fevereiro em atraso. Um terceiro fundo ajuizou uma ordem de despejo contra a Tok&Stok também por falta de pagamento de aluguel.

Borges destaca que Marisa e a varejista de móveis e decoração têm endividamento alto e, quando a taxa básica de juros (Selic) estava em patamares mais baixos, elas conseguiram “levar bem o endividamento”.

Porém, agora, com a taxa de juros em 13,75%, o cenário fica mais desafiador. “As duas varejistas trabalham com margens mais apertadas e mais concorrência. Mais difícil seguir com endividamento alto”, avalia.

Segundo o jornal Folha de São Paulo, a Tok&Stok deve ao fundo mais de R$ 21 milhões.

O analista da Empiricus comenta que o cenário é de possível deterioração, com arrefecimento da atividade econômica do país. “Além do endividamento elevado do varejo, que tem um potencial muito destrutivo”, acrescenta.

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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