CryptoTimes

Confira detalhes sobre a terceira versão da corretora cripto Uniswap

23 mar 2021, 16:04 - atualizado em 23 mar 2021, 16:11
A terceira versão da Uniswap visa facilitar o rendimento para fornecedores de liquidez do protocolo (Imagem: Uniswap/Blog)

A terceira iteração da Uniswap, a principal corretora descentralizada (DEX) do mercado, está prevista para o segundo trimestre, segundo novos detalhes da famosa terceira versão, publicados nesta terça-feira (23).

Na semana passada, Hayden Adams, fundador da Uniswap, capturou o que talvez seja o espírito da antecipação sobre os tão aguardados detalhes da terceira versão em um tuíte:

Se eu tiver que viver outra semana sem anunciar publicamente sobre os detalhes da Uniswap v.3, eu vou ficar louco.

Adams não era o único. Pela indústria, especialistas de mercado estiveram pensando nos recursos de melhoria da v3 sobre a v2, a atual iteração. Os novos detalhes divulgados hoje serão implementados em maio.

No núcleo da atualização está a capacidade de fornecedores de liquidez (LPs) formarem mercados em faixas personalizadas de preço, uma abordagem chamada de “liquidez concentrada”.

LPs são responsáveis por apresentar seus ativos em pools de liquidez, onde usuários da Uniswap negociam. Isso pode ser comparável aos formadores de mercado de Wall Street, que fornecem liquidez e, assim, ajudam negociadores a entrarem e saírem de posições.

Anteriormente, LPs deviam ter capital reserva para uma infinidade de faixas de preço (por exemplo, a negociação de ether por preços improváveis, como US$ 500 mil e US$ 1 milhão), indicando que esse capital estaria inativo em vez de ser aplicado para a obtenção de taxas a preços mais específicos.

Dessa forma, o único capital de geração de taxas para LPs seria esse, designado para preços em que um ativo estaria sendo negociado.

“Na terceira versão da Uniswap, LPs podem alocar capital em faixas personalizáveis de preço, criando curvas individualizadas de preço no processo”, disse a empresa em um documento compartilhado previamente com o The Block.

Por exemplo, um LP poderia decidir fornecer liquidez apenas para ether quando for negociado, por exemplo, entre US$ 1,8 mil e US$ 2 mil.

“No caso da v3, a qualidade de execução irá melhorar por uma ordem de magnitude, senão mais”, disse Adams.

A nova abordagem torna a função de um LP mais eficiente em termos de capital. LPs podem direcionar sua liquidez para a faixa de preço em que negociações estão acontecendo e, por sua vez, ganharem uma taxa mais alta de rendimento sobre seu capital.

“Você pode aplicar a mesma quantia de capital para obter mais taxas ou usar capital marginal poupado para investir em outra estratégia de sua escolha”, explicou Teo Leibowitz, diretor de estratégias da Uniswap.

Essa mudança visa diminuir o “slippage” — diferença entre o preço estimado e o preço obtido — na Uniswap, melhorando a experiência de negociação como um todo.

A partir de um ponto de vista estratégico, esse foco na eficiência de capital poderá pavimentar a posição dominante da Uniswap no mercado.

A Uniswap já é responsável por 20% a 25% das transações na Ethereum em qualquer dia. Em fevereiro, o projeto teve mais de US$ 30 bilhões em volume negociado.

A plataforma compõe 60% do mercado de DEXs e possui 15 vezes mais usuários do que qualquer outra plataforma DEX desenvolvida na Ethereum.

Eficiência, eficiência, eficiência

O problema de eficiência de capital dos LPs é um que a Uniswap está tentando solucionar desde sua criação. É uma questão que, de certa forma, engloba o arco do desenvolvimento de DEXs até hoje.

Pelo mercado, projetos adversários, desde Curve a DODO e Balancer, estão examinando o mesmo problema: como tornar o fornecimento de liquidez mais eficiente nas DEXs.

Outros problemas ligados a DEXs — slippage e execução de negociações, por exemplo — vieram desse problema, além das limitações de escalabilidade inerentes à rede Ethereum.

Curve, por exemplo, teve alguns avanços nesse quesito. Porém, as eficiências obtidas se aplicam apenas a transferências entre stablecoins. Enquanto isso, Balancer facilitou o fornecimento de liquidez para cestas ponderadas de cripto. Porém, para a Uniswap, ninguém solucionou o problema central.

Em relação à escalabilidade, o projeto visa lançar uma rede principal de primeira camada na Ethereum em 5 de maio, com uma aplicação de segunda camada da Optimistic Rollup no mesmo mês.

Essa aplicação específica de segunda camada, criação da startup Optimism, visa aumentar a taxa de processamento e diminuir taxas de gás para praticamente zero.

Além de solucionar a escalabilidade e da adição de faixas personalizáveis de liquidez, a terceira versão inclui inúmeros outros recursos que visam fortalecer a plataforma contra possíveis adversários.

Uma estrutura de taxas atualizada é outro recurso da terceira versão. Em vez de uma estrutura de precificação que se adapta a tudo, a terceira versão irá oferecer aos LPs três níveis de taxa distintos: 0,05%, 0,30% e 1,00%.

Dessa forma, LPs irão gerar mais taxas pela formação de mercado por ativos que são mais voláteis. Essa abordagem facilitará a negociação de ativos de cauda fina e cauda longa.

Esses mesmos LPs terão a flexibilidade de participar em quaisquer ativos que quiserem e serão compensados com a volatilidade ou o risco desses ativos.

“Para que o protocolo atenda a todos os tipos de mercado e seja a melhor plataforma para cada investidor, diferentes pares precisam ter diferentes níveis de taxa”, disse Leibowitz ao The Block.

Até a Uniswap admite que existem certas desvantagens na terceira versão, incluindo o fato de ser mais difícil tornar a liquidez fungível — tokens de LP não serão intercambiáveis entre si.

Além disso, taxas não são continuamente reinvestidas no pool. Leibowtz disse que terceiros podem escrever contratos ligados ao protocolo que faz isso em seu lugar, tornando os tokens fungíveis.

Essas desvantagens na natureza de código aberto não passaram despercebida pela equipe da Uniswap, pois qualquer um pode usar o código publicamente disponível e desenvolver suas próprias versões.

Isso já aconteceu no caso do clone SushiSwap. Ao copiar a Uniswap e apresentar seu próprio token de governança, SushiSwap logo se tornou uma das maiores corretoras descentralizadas no mercado.

A ideia da SushiSwap era criar uma Uniswap mais pertencente à comunidade, que recompensava fornecedores de liquidez por seu papel fundamental em impulsionar a corretora (Imagem: Twitter/SushiSwap)

Segundo dados obtidos pelo The Block, a SushiSwap era responsável por mais de 20% do volume entre DEXs em fevereiro.

O protocolo principal da terceira versão é licenciado sob a BSL 1.1, que proteger o projeto para evitar que empreendimentos comerciais o copiem diretamente. Essa licença não afeta integrações com carteiras ou outros aplicativos móveis que desejam se conectar à plataforma.

No futuro, detentores do token de governança da Uniswap poderão ajustar essas licenças como quiserem. Daqui a dois anos, essa licença irá acabar, a menos que seja acelerada pelos participantes da governança do UNI.

Ainda assim, não afasta completamente agentes anônimos.

Porém, nesse quesito, Leibowitz acha que a equipe teve uma grande vantagem na parte tecnológica para afastar esses adversários.

Além de se especializar nas matemáticas complexas por trás da terceira versão, o projeto possui um orçamento de US$ 2 milhões em seu tesouro para bonificações que impulsionam seu desenvolvimento.

Ao longo dos próximos três anos e meio — se os preços se mantiverem constantes —, o projeto terá quase US$ 20 bilhões.

Além disso, a terceira versão representa a mais recente atualização a acontecer publicamente. A partir de então, a equipe de desenvolvimento passará as rédeas à comunidade.

“A primeira onda de US$ 750 mil em bonificações foi distribuída para mais de vinte projetos”, disse Leibowitz. “Uma segunda onda está prestes a acontecer.”

Confira o whitepaper da terceira versão da Uniswap.

Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.