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Ações de varejo: Hora de comprar ou largar?

30 jun 2022, 10:52 - atualizado em 30 jun 2022, 10:56
Casas Bahia, Via Varejo VVAR3
Entenda quando a maré de baixa das ações de varejo deve passar. Leia a coluna do Beto Assad, analista e consultor para o Kinvo. (Imagem: YouTube/Casas Bahia)

As ações de varejo na bolsa de valores viraram motivo de discussões apaixonadas nas redes sociais. As quedas vertiginosas de algumas das empresas mais famosas do setor têm levantado questões como:

“Está na hora de comprar?”

Magazine Luiza (MGLU3) vai quebrar?”

“Será que o setor vai continuar caindo?”

A melhor coisa seria, realmente, ter uma bola de cristal para acertar o famoso fundo de mercado, aquele ponto perfeito de inflexão onde as ações param de cair e voltam a subir no longo prazo.

De qualquer maneira, alguns movimentos de alta têm acontecido em empresas como Via (VIIA3), Lojas Renner (LREN3) e Magalu.

Sobe e cai

O problema é que movimentos altistas do varejo têm sido curtos quando comparamos ao tamanho da queda que o setor enfrenta desde os topos feitos ainda em 2020.

Quando batemos o olho nas empresas como um todo, fica fácil de entender o porquê de tanta ansiedade.

Pegando hoje as três empresas que mais me perguntam, a que menos caiu entre as máximas históricas de 2020 e as mínimas alcançadas neste ano foi a Lojas Renner, com uma variação negativa de quase 61%.

E posso dizer que ela caiu pouco quando comparamos com as outras duas, que estão entre as ações mais comentadas pelos investidores pessoa física desde o ano passado.

A Magazine Luiza, por exemplo, caiu em torno de 92% entre sua máxima de 2020 e a mínima da semana passada. Já a Via caiu em torno de 90% no mesmo período.

Assim, enquanto muita gente está com aquela vontade incontrolável de comprar essas ações com tamanha desvalorização, muitas outras que já se posicionaram nessas ações recentemente ou a mais tempo se perguntam se existe chance dessas empresas quebrarem.

O primeiro ponto é que, mesmo com essa grande desvalorização, o cenário ainda não é convidativo para ir às compras.

O setor de varejo é muito dependente de inflação baixa e juros baixos. E o momento atual ainda não aponta para uma virada para esse contexto.

Juros em alta

Apesar do Banco Central indicar o fim do ciclo de alta da Selic em breve, ainda não se tem dimensão de como o mercado nacional vai responder a uma possível insistência da inflação nos EUA e Europa.

Se em ambos os casos a inflação persistir e as taxas de juros irem além do que se espera, o dólar deve continuar se fortalecendo e pressionando a inflação por aqui.

Dessa maneira, torna-se possível que a Selic continue sua escalada de alta, o que seria péssimo para o setor.

Portanto, ficar de olho no cenário macroeconômico tanto nacional quanto internacional é essencial para tentar antecipar alguma posição em ações que sejam dependentes de um momento econômico mais tranquilo.

Risco de falência

E quanto à chance das empresas quebrarem? Deixem suas paixões de lado e acreditem: chance sempre vai existir, principalmente nesse setor tão concorrido e com margens cada vez mais apertadas.

“Mas estamos falando de uma Via e de uma Magazine Luiza!!!” Pois bem, pra quem é mais novo e não conhece muito a história, já tivemos gigantes do varejo quebrando no Brasil.

Empresas até então “inquebráveis” do setor como Mappin, Mesbla, Sears e Arapuã são alguns dos exemplos. Claro que em todos os casos ocorreram muitos problemas de gestão, o que ajudou na falência das empresas.

Mas no mercado de hoje, muito mais dinâmico e exigente, nem sempre uma boa gestão é o suficiente para a empresa superar um período prolongado de vacas magras.

Ações de varejo vão se recuperar do tombo?

Feitas as ressalvas, acredito sim que as empresas possuem grandes chances de recuperação. Tudo vai depender de como elas vão passar por essa tormenta que se aproxima da economia mundial.

E quem conseguir sobreviver a essa fase, provavelmente sairá fortalecido para o próximo ciclo econômico.

não adianta comprar as ações agora na base do “eu acho que ela vai subir”.

Investimento em renda variável não é lugar para torcida. Isso é um dos maiores erros que os investidores iniciantes cometem.

Se resolver fazer uma compra em alguma dessas ações, que no meu ponto de vista significa um alto risco no momento, que sua decisão seja embasada tecnicamente, com dados que suportem a sua decisão.

E tenha em mente que para se ganhar dinheiro não é necessário acertar em cheio o fundo do mercado. Se for o caso, prefiro pagar um pouco mais caro numa ação, mas com o horizonte mais claro adiante.

E se tem um ditado popular que faz muito sentido no mercado financeiro, é que às vezes, o barato pode sair muito caro.

Aproveite para conferir todas as colunas do Beto Assad aqui no Money Times.

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Disclaimer

Money Times publica matérias informativas, de caráter jornalístico. Essa publicação não constitui uma recomendação de investimento.

Analista e consultor financeiro no Kinvo
Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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