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Compute North aproveita escassez de mineração de bitcoin na China para escalar suas operações

12 jul 2021, 12:36 - atualizado em 12 jul 2021, 12:51
Compute North quer que EUA sejam o próximo núcleo de mineração da maior criptomoeda do mundo. Será que sua ambição vai se concretizar? (Imagem: Facebook/Compute North)

Compute North, operadora americana de fazendas de mineração de bitcoin (BTC), tem a ambição de aumentar sua capacidade em 1,2 gigawatt (GW) nos próximos 12 meses em meio a uma redução global na disponibilidade de locais que armazenem máquinas de mineração de bitcoin.

A empresa, sediada no estado do Minnesota, agora possui cinco locais sob construção, que devem estar operando até o fim do segundo trimestre de 2022, afirmou Dave Perrill, CEO da Compute North, em entrevista ao The Block.

“Colocação” se refere ao serviço em que você possui equipamentos de mineração, mas paga para que um centro de dados hospede as máquinas por você.

Compute North já opera três instalações no Texas, em Nebraska e na Dakota do Sul, afirmando ter uma capacidade total superior a 100 megawatts (MW). Perrill se negou a informar onde estão as novas instalações de hospedagem sob construção.

Perrill afirmam que a energia que alimenta as novas instalações será uma combinação de energias renováveis e combustíveis fósseis. “Nessa escala, seria um desafio — senão impossível — ser 100% renovável”, disse ele.

O plano vem em meio a uma época em que o mercado de mineração de bitcoin está repleto de equipamentos de segunda mão para a mineração de bitcoin, dadas as recentes ordens de suspensão de fazendas de mineração na China.

Donos desses equipamentos ou estão liquidando os ativos ou enviando suas máquinas para fora do país onde houver capacidade vaga para hospedagem — dada a improbabilidade de que o governo chinês reverta as políticas num futuro próximo.

“Estamos recebendo pedidos por uma média de 100 megawatts nas últimas semanas apesar de alguns deles planejarem duplicar [essa capacidade] por meio de corretoras”, explicou ele.

No início de junho, mesmo antes de as províncias chinesas de Xinjiang e Sichuan — antes, os dois principais hubs de mineração — apresentaram ordens de suspensão de energia, foi noticiado que a capacidade disponível de hospedagem fora da China não seria suficiente para absorver toda a possível demanda.

Isso apresentou tanto um desafio para mineradores chineses de bitcoin como uma oportunidade de fornecedores de “colocação” (hospedagem de máquinas) conforme recorrem a regiões como Cazaquistão, Rússia e América do Norte para implementar seus planos de êxodo. Apesar de esses planos poderem levar meses — senão anos — para ser completada.

“Podemos não ver a taxa de hashes voltar ao seu nível recorde até os segundo e terceiro trimestres do próximo ano. Essa é a minha aposta”, disse Perrill, acrescentando que a redução na oferta migrou de máquinas de mineração para capacidade de hospedagem.

Escalando operações

Apesar dos planos grandiosos da Compute North, a competição está acirrada no ocidente (Imagem: YouTube/Compute North)

Compute North não é a única fornecedora de colocação que possui planos de aumentar sua capacidade. Em abril, a russa BitRiver prevê que seu terceiro centro de dados esteja pronto em setembro, com mais 100 MW.

Já a americana Bit5ive também quer gerenciar o desenvolvimento de uma instalação de 100 MW, segundo um anúncio recente.

Anteriormente, a Bitmain havia dito ao The Block que estavam fornecendo eletricidade em todo o mundo e encorajando clientes e parceiros a investir em infraestrutura em vez de apenas hospedarem máquinas.

A gigante fabricante chinesa de máquinas de mineração de bitcoin afirma que visa coinvestir em instalações ao obter 20% das participações.

A lacuna no processo de mineração

Grandes empresas tendem a ter estantes e mais estantes, repletas de máquinas de mineração de bitcoin e, devido à grande quantidade, são chamadas de fazendas de mineração (Imagem: YouTube/Compute North)

Ao mesmo tempo, a lacuna na oferta continua enorme. Quase 90 milhões de terahashes por segundo (TH/s) de poder computacional na rede Bitcoin foram desligados desde as ordens de suspensão da China.

Apenas em Xinjiang, fazendas de mineração, que ainda operavam antes do dia 9 de junho, tinham uma capacidade combinada de 1,9 gigawatt de energia antes de serem suspensas. Outras fazendas em Sichuan também foram encerradas nas semanas seguintes.

Apesar de ser indefinida a capacidade de energia que alimentava a taxa de hashes — o poder computacional aplicado à rede — que caiu na China, é possível fazer uma estimativa.

A geração mais avançada e recente de equipamentos de mineração no mercado possui uma taxa de eficiência de cerca de 40 watts por TH/s de poder computacional enquanto o modelo menos eficiente no mercado consome cerca de 100 watts por TH/s.

Isso significa que os 90 milhões de TH/s de poder computacional poderiam estar usando uma capacidade de energia entre 3,6 a 9 GW, com uma média próxima de 6 GW.

Além das fronteiras chinesas

A repressão não está afetando apenas empresas chinesas de mineração, como também as listadas nos EUA.

BIT Digital, mineradora de bitcoin listada na Nasdaq (BTBT), que também é cliente da Compute North, afirmou que tinha um total de 43.606 mineradores com uma taxa combinada de hashes de 2,4 milhões de TH/s em 30 de abril, conforme 80% deles geraram receita de locais fora da China.

Havia 19.060 unidades em Sichuan, 12.830 unidades em Xinjiang e 3,2 mil unidades em Yunnan. Na época, apenas 7 mil unidades eram hospedadas em instalações americanas.

BIT Digital não divulgou quais são seus planos em relação aos equipamentos localizados na China.

Enquanto isso, Loto Interactive, listada na Bolsa de Hong Kong (HKEX:8198.HK) e pertencente à BIT Mining, listada na Bolsa de Nova York (NYSE:BTCM), teve de fechar todas as suas três fazendas de mineração em Sichuan em junho.

As três instalações tinham uma capacidade de cerca de 400 megawatts e compunham quase a totalidade das receitas da Loto em 2020.

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