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Por que 2021 pode ser o ano dos valores mobiliários digitais (ou “security tokens”)?

19 jan 2021, 14:43 - atualizado em 19 jan 2021, 14:45
A expectativa era que security tokens disparassem em 2018, mas não corresponderam às expectativas. Neste artigo, Min Kim e Ricky Dodds, do ICON Project, argumentam que isso pode mudar em 2021 (Imagem: Freepik/macrovector)

Por um breve período em 2018, security tokens eram o principal assunto em qualquer evento sobre a indústria blockchain.

Security tokens representam ativos reais, como participações e renda fixa, dando mais legitimidade quando o assunto é captação de recursos e investimento em criptoativos.

Ofertas de security tokens (STOs) foram consideradas como uma forma de confrontar os desafios regulatórios apresentados por ofertas iniciais de moeda (ICOs) que, antes, haviam enriquecido investidores iniciais, mas geraram ceticismo de reguladores. 

Alguns anos depois, vimos diversas melhorias na infraestrutura, nos mercados e no contexto jurídico do ecossistema cripto. Assim, security tokens podem ressurgir em 2021.

Em 2018, empresas blockchain emitiam security tokens enquanto um número modesto de corretoras e fundos de security tokens surgiu. Enfrentaram desafios porque o mercado não havia amadurecido, o contexto jurídico era muito confuso e o mercado cripto ainda não tinha amadurecido.

Oque é tokenização de ativos?

Instituições estão percebendo o atrativo do mercado cripto, pois este pode gerar mais rendimentos a longo prazo do que gerar ganhos rápidos (Imagem: Pixabay/vjkombajn)

O crescimento do mercado de criptoativos

Atualmente, o ecossistema de criptoativos evoluiu. Existem evidências que sugerem que o recente mercado de alta (ou “bull run”) seja mais direcionado pela adesão das empresas e pelo investimento institucional do que por investidores do varejo.

Recentemente, o PayPal anunciou planos de expandir sua oferta de criptoativos, facilitando a compra e venda de bitcoin, ether, litecoin e bitcoin cash para milhões de pessoas e o recebimento de criptoativos para comerciantes por cada transação firmada em fiduciárias.

Grandes compradores, como a MicroStrategy, também estão acrescentando bitcoin a suas reservas.

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Investidores mais experientes estão percebendo os benefícios de aplicar seu dinheiro em criptoativos que representem ativos do mundo real, desde imóveis a colecionáveis.

Em vez de depender de ganhos rápidos, é mais provável que invistam em ativos que irão gerar dividendos e rendimentos a longo prazo.

ICOs eram ofertas iniciais de moeda que ajudam no levantamento de capital para um projeto relacionado a criptoativos ou blockchains, mas logo enfrentaram multas de reguladores pela forma como foram promovidos (Imagem: Freepik/macrovector)

Reguladores começam a entender o que são security tokens

Em 2018, analisaram a criação de um fundo tokenizado de valores mobiliários na rede blockchain ICON.

Houve a participação em outros fundos tokenizados, como a oferta BCAP da Blockchain Capital, cujo processo era simples e direto, do ponto de vista do investidor.

Porém, o processo não era muito custo-benefício. Muitos descobriram que era mais custoso do que criar um fundo tradicional.

Horas e mais horas eram gastas em pesquisas jurídicas, pois era um novo território com alto risco regulatório. Também havia custos operacionais e de desenvolvimento técnico que não se aplicariam a um fundo tradicional.

Na época, STOs eram relacionadas a ações de empresa, fundos, imóveis, derivativos e muito mais.

Muitos projetos calcularam mal um passo fundamental, pensando que compensariam esses custos jurídicos e de instalação com a demanda por seu produto no mercado secundário — o que nunca aconteceu.

Na verdade, STOs e corretoras de security tokens, como tZERO, Open Finance e GLASS (SharesPost) nunca ganharam muita força.

Desde então, embora imperfeito, o entendimento jurídico sobre criptoativos melhorou bastante em muitas jurisdições.

Em 2020, o anúncio da Libra do Facebook (agora chamada de Diem) forçou reguladores a analisarem, de perto, stablecoins e criptoativos como um todo.

Em 2020, a Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio dos EUA (SEC) anunciou planos de simplificar o processo de solicitação para empresas de investimentos, pavimentando o caminho para que empresas blockchain consigam ser aprovadas mais rápido.

Em novembro, a SEC aumentou os limites de quanto capital empresas podem arrecadar antes de se registrarem: de US$ 1,07 milhão para US$ 5 milhões. Isso permite que startups realizem STOs com menos restrições.

Reguladores americanos parecem estar progredindo para entenderem melhor o que são criptoativos e quais seus diversos casos de uso, preparando o terreno para que empresas blockchain forneçam security tokens com mais clareza, transparência e confiança para investidores nos próximos meses e anos.

DeFi são um futuro possível e cataclísmico a longo prazo, em que pessoas podem coordenar atividades financeiras ponto a ponto a escala global (Imagem: Pixabay/Megan_Rexazin)

A convergência entre security tokens e DeFi

É importante reconhecer que a ascensão meteórica das finanças descentralizadas (DeFi) só seria possível com os avanços na infraestrutura da tecnologia blockchain da indústria.

Aplicações DeFi replicam ferramentas financeiras complexas e muitas não teriam existido há pouco tempo, quando a experiência e o talento no setor não acompanhavam as inúmeras promessas da tecnologia.

Em 2021, security tokens poderão aproveitar bastante os mesmos avanços tecnológicos que beneficiaram as DeFi em 2020.

Nos primórdios dos security tokens, não havia um bom mercado secundário que fornecesse liquidez a investidores. Se comprassem um security token, tinham de esperar que esse token fosse listado em uma corretora centralizada.

Em 2018, a Coinbase falhou em fornecer security tokens para negociação pública a residentes americanos e outros enfrentaram desafios parecidos.

Hoje, corretoras descentralizadas (ou DEXs) fornecem um mercado secundário quase instantâneo para security tokens. A liquidez que DEXs fornecem a investidores é um motivo suficiente para prever uma onda de STOs no futuro próximo.

A hora certa

Neste início de 2021, grande parte dos desafios enfrentados por security tokens foram solucionados. Sempre haverá problemas, mas o mercado evoluiu, a tecnologia blockchain avançou e o entendimento jurídico sobre criptoativos melhorou bastante.

Os infinitos casos de uso para security tokens são um motivo para ser otimista. A capacidade de investir, de forma segura, em propriedades imobiliárias e tokenizadas é algo que podemos nos atentar em 2021.

Sabemos que muitos grandes projetos blockchain querem investir nesse setor, tanto nos EUA como em todo o mundo.

É incrível analisar quanto progresso foi feito em pouco tempo. Embora security tokens apresentassem muita promessa no início, o momento não era o certo — até agora.

Conforme vemos DeFi se convergir com uma melhor compreensão geral por todos — desde investidores, reguladores, advogados a desenvolvedores —, 2021 dará início a uma nova era de surgimento e influência de security tokens.

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